Recente estudo realizado pela Deloitte e pelo MIT (2016) indica que entre 75% e 80% dos CEOs vivem preocupados com a possibilidade de que algo completamente novo, derivado da tecnologia digital, venha mudar seus modelos empresariais, ameaçando a sobrevivência de suas empresas.
Esse “temor” se justifica diante da chamada “inovação disruptiva”, que não é a evolução tecnológica gradual, ou um novo modelo de negócios que melhora outro já existente. Trata-se de uma ruptura completa. O adjetivo “disruptive”, em inglês, significa rompimento ou uma perturbação que provoca desordem ou transformação. É algo que muda as bases do já existente. A Netflix, por exemplo, desintegrou a poderosa BlockBuster ao disponibilizar, on line, de forma ilimitada, com uma assinatura fixa, os vídeos físicos que antes tínhamos de buscar na locadora, pagando multa em caso de atraso na devolução.
Um grande perigo para os preocupados CEOs, entretanto, é concentrar-se apenas no aspecto tecnológico dos produtos ou do negócio. Pois ao promover a democratização da informação, a revolução digital trouxe, principalmente, mudanças comportamentais que impactaram o ambiente de trabalho. Há hoje grande valorização do compartilhamento de conhecimento e os jovens anseiam por processos decisórios descentralizados, pensam transversalmente e buscam maior protagonismo.
Traduzindo: a estrutura hierárquica tradicional está em cheque e a luz vermelha acendeu nos departamentos de recursos humanos. Metodologias, práticas e controles que sempre funcionaram podem perder eficiência caso não acompanhem, a seu modo, um novo modo de ser, de pensar e de se relacionar que permeia a sociedade atual. A inovação disruptiva precisa chegar ao RH.
Quantos profissionais da área hoje sabem exatamente o que significa “people analytics” – e como usá-lo na prática? Que tal flexibilizar os sistemas de gestão, com equipes empoderadas para desenvolver seus próprios objetivos? Quem hoje pensa em fazer a gestão de desempenho ou em realizar coaching com auxílio de aplicativos móveis? Os conteúdos de capacitação estão integrados à gestão da informação da corporação em plataformas de fácil consulta que permitem ao funcionário gerenciar seu próprio treinamento?
Desenvolver, contratar e reter talentos, ou criar ambientes que estimulem a produtividade e a criatividade, entre outras tarefas, passarão a depender da capacidade com que os próprios RHs pratiquem a inovação disruptiva em suas próprias áreas.
Há uma interessante discussão acerca da capacidade dos RHs em entender e abraçar este desafio em um relatório da PWC, que disponibilizamos neste link:
http://www.pwc.com/us/en/oracle-implementation/assets/disruptive-innovation.pdf